* Histórias de minha mãe

Juquinha queimou em alto forno. Disse que certa vez o ouvido coçou e a bala do tiro caiu. Ele guardou a cápsula por muito tempo.
A mulher do Juquinha não comunicou sua morte. Pulmão parece. Tuberculose. Antônio da Cema, sobrinho dele, ia passando com o caminhão por um enterro de um homem sendo carregado numa padiola e perguntou:
_ Quem é?
Responderam:
_ O Juquinha do Pedro Turco.
Meses depois a mulher dele morreu.
Juquinha trabalhava na formação da represa e no Minas Tênis Clube. Avantez trabalhava de rondante de "marcar relógio", ou seja, não podia dormir e devia de hora em hora marcar cartão. E abriu a Avenida do Contorno, com as carrocinhas de terra. Próximo a Fazenda Vellha era um brejo, cheio de buracos. Tinha os que cavavam a terra, os que enchiam as carrocinhas e os que conduziam. Eram muitas carrocinhas enfileiradas. Um único chichotinho para alertar o animal que ora ficava preguiçoso. Despejava a terra, voltava, enchia e tornava a despejar no brejo. Eles usavam a chibanca.
Quando ela levava almoço para ele, ela era muito muleca. Ia correndo sobre os canos e um belo dia deixou cair a marmita em cima do cano. Como estava próximo, juntou a comida e entregou assim mesmo ao irmão. Enfim era uma peleja.
Minha mãe arrastou por quilômetros um toco de cedro que produziu maravilhosas brasas e um fogo encantador. Roubava lenha da mata da prefeitura, próxima a Colônia Afonso Pena.

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